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Massacre não é legítima defesa!

“Cachorros assassinos, gás lacrimogêneo…

quem mata mais ladrão ganha medalha de prêmio!

O ser humano é descartável no Brasil.

Como modess usado ou bombril.

Cadeia? Claro que o sistema não quis.

Esconde o que a novela não diz.”

         (“Diário de um Detento” trecho do rap do grupo Racionais MC’s, escrita pelo ex-detento Jocenir.).

 

Nós do Kilombagem, manifestamos nossa indignação, diante da decisão do Tribunal de Justiça que anula o veredicto dos 5 júris que condenaram 74 PMs pelo massacre do Carandiru. Um dos episódios mais cruéis e desumanos da história do sistema prisional mundial que aconteceu na Casa de Detenção do Carandiru em São Paulo, em 03 de outubro de  1992.

Legítima defesa 24 anos depois do massacre nos parece mais uma demonstração de poder daqueles intitulados os guardiões das leis da justiça burguesa. A  anulação do julgamento nesta conjuntura,  onde o crescente  aumento da pobreza terá como desdobramento direto o aumento de violência, nos faz pensar que dentro da história do Brasil o projeto político eugênico de criação e caça ao inimigo interno, ainda vigora na vida real de pobres e pretas/os.

A letalidade da polícia contra pobres e pretas/os representa cerca de 60% do total de homicídios cometidos pela corporação. Neste contexto a população carcerária não é uma exceção, ela está na engrenagem do modus operandi do Estado favor do genocídio da população negra.

O Estado genocida utiliza diversas alegações para assassinar pessoas pobres, negras e encarceradas e continuar impune, desta vez sob a alegação de “legítima defesa”,  o que equivale a dizer que não houve crime cometido pelos agentes do massacre,  abrindo o precedente legal para que o Estado e seu braço de segurança, a Polícia Militar, promovam execuções sumárias e depois se absolva, incentivando a barbárie, o que para nós é inadmissível.

É preciso pensar numa nova sociedade, com a quebra desse paradigma em que a segurança é entendida como violência, repressão e morte aos mais vulneráveis, pois o Estado, por meio de sua justiça, continua legitimando a violência contra seu alvo preferencial.

Pensar sobre o significado de uma ação como essa nos remete a uma história de escravidão onde a coisificação o corpo preta/o significou prazeres e riquezas para o senhores e um mote de mazelas embrulhadas em histórias de  lamentos, de canções, de dores, de trajetórias e de vidas.

Quando uma juíza se utiliza de sua condição de classe para posicionar seu racismo, ela torna nossa existência ainda mais frágil.

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O escracho público dos nossos e a fragmentação ideológica só são bons para a burguesia

Nós do Kilombagem, viemos expressar que não somos adeptos ao linchamento público político, pois  não dialoga e não soma na luta.

Acreditamos que a luta contra o machismo deva ser uma tarefa de homens e mulheres. Sabemos que o patriarcado que ainda rege nossas relações é responsável pelos privilégios sociais masculinos, cotidianamente praticados, seja na violência doméstica e psicológica, seja nas relações de família.

Vivemos em momento da história onde a barbárie se coloca como um rolo compressor de nós mesmos, e retroalimentar as ideias da classe dominante, no enfrentamento ao machismo, é ceder ideologicamente às ideias da classe dominante.

Não acreditamos que o combate ao machismo e suas violência correlatas se dará pela separação total e imediata entre homens e mulheres, para nós do kilombagem os homens precisam entender que o machismo é um problema da humanidade, sendo assim, é um problema dos homens também.

Acreditamos que uma possível sociedade emancipada deva comportar homens e mulheres. Acreditamos também que para uma possível mudança nas relações sociais entre homens e mulheres, será necessário que os homens apreendam o significado e o peso do machismo no cotidiano de vida das mulheres, e se coloquem em luta para transformação dessas relações. Por isso é importante nos atermos para forma constante da interpretação dos fenômenos virar uma análise final de fatos, e serem reiterados na utilização interpretativa sem que haja mediação com as particularidades da realidade.

A nós, pretas e preto, pobres, da classe trabalhadora mais explorada, mais encarcerada, mais morta pela policia, pelo SUS, pela previdência, nos resta criar mecanismos de luta e unificação, mesmo diante de todos o limites colocados pela história. Precisaremos criar mecanismos de luta e resistência não segregacionistas, pois, a fragmentação ideológica só é boa para burguesia, essa elite senhorial e branca brasileira. Precisaremos criar mecanismos de diálogos entre os nossos, dessa forma, compreendemos que o escracho público dos nossos não é dialogo é apenas escracho, e escracho é humilhação. Fica a pergunta é por meio de escracho público individual que vamos combater o machismo e suas violências?

Nós do kilombagem acreditamos que o feminismo deva seguir uma perspectiva da emancipação humana. Não acreditamos em um feminismo que desconsidera o racismo e a luta de classes e, portanto, não vemos como lutas inseparáveis.”

Organização Negra de Esquerda Kilombagem – Raça Classe e Gênero.

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Documentário “Mucamas” tem música de Ba Kimbuta, “Marias”

Estou fazendo um curso sobre cinema brasileiro, voltado pra educadores, ministrado pela professora doutora Claudia Mogadouro, embasado na lei que institui a obrigatoriedade da exibição de cinema brasileiro nas escolas. Hoje o tema do encontro foi documentários. Além de aprendermos sobre a imensidão de documentários produzidos no Brasil, compreendi o quanto é necessário problematizar os documentários, uma vez que eles não têm uma visão neutra sobre o recorte que fazem da realidade.

O documentário exibido foi “Mucamas“, de 2015, produzido pelo coletivo “Nós, Madalenas“, que entrevista mulheres que contam suas experiências no trabalho em casas de família. As mulheres entrevistadas são mães das meninas do coletivo de audiovisual , o que o torna mais profundo. Os créditos finais, com as imagens de mães e filhas são regados pela música “Marias” do Mc Ba Kimbuta (direto dos prédinhos de Mauá!).

Após a exibição, traçamos um paralelo de “Mucamas” com o filme “Que horas ela volta” (2015), de Anna Muylaert, que teve grande repercussão e debate sobre as diferenças sociais no Brasil, o que é retratado também no polêmico clipe do Emicida, “Boa Esperança” (2015).

O trabalho doméstico da forma como ainda é no Brasil, nos evidencia uma sociedade que não se envergonha de recorrer a servidão em pelo século XXI. Herança de uma aristocracia escravocrata que nunca quis a abolição, e por isso, “aboliu” a escravidão e nunca permitiu direitos à essas mulheres, na sua ampla maioria, negras, que continuam cuidando de suas casas e de seus filhos. A PEC das Domésticas, neste sentido, foi um pequeno avanço, com a garantia de direitos básicos á essas trabalhadoras, e sofreu muita resistência por parte dos patrões.

Mucamas
Mães e filhas protagonizam o documentário na frente e por trás das lentes.

“Mucamas” mostra os sonhos, as vontades e as conquistas dessas mulheres, e me deixa otimista, que o suor do rosto de Dona Terezinha, minha avó, que foi diarista toda a sua vida, e tinha o sonho da casa própria, conquistado antes de morrer, não foi em vão.

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O eterno Déjà vu do suspeito padrão

“Vou te dizer uma coisa Algumas pessoas têm tudo Algumas pessoas têm nada Algumas pessoas têm esperanças e sonhos Algumas pessoas têm modos e meios

Nós somos sobreviventes, sim,a sobrevivência negra.” (Bob Marley – Survival)

 Nota de repúdio em resposta às justificativas publicadas pela gerência do Tupinikim Pizza Bar a respeito da revista na saída da casa de show na noite de quinta-feira, 21 de abril de 2106.

Na noite da última quinta-feira, 21/04, fomos alvo do “suspeito padrão” no Tupinikim Pizza Bar em Santo André, no Grande ABC Paulista, em noite de tributo a Bob Marley, em que havia poucos pretos e pretas, éramos praticamente as únicas com blacks e turbantes. Na saída da casa tivemos NOSSAS BOLSAS REVISTADAS por uma funcionária,  após pagarmos nossas comandas. Sem muitas explicações sobre os critérios, estranhamos o procedimento, questionando se  TODOS ESTAVAM SENDO REVISTADOS. A resposta da funcionária foi vaga. Não havíamos visualizado aviso algum nas paredes ou mesmo no caixa sobre uma revista na saída, que é totalmente incomum na noite Paulista, em que muitos bares e casas de shows revistam na entrada.

Pois bem, hoje pela manhã, fui à página do bar e questionei a ação, o questionamento foi publicado também no meu perfil pessoal (no facebook) e logo compartilhado por vários camaradas indignados, gerando polêmica e debate, inclusive nos acusando de linchamento público sem ouvir as justificativas do bar. Quero explicitar que nós do Kilombagem não somos adeptos dos escrachos e linchamentos públicos, e  procuramos analisar os fatos de forma objetiva, pra não cometer injustiças, ainda que nós sejamos alvo das mesmas todos os dias. Então partirei da resposta dada pelo bar (publicada na íntegra ao final dessa nota), em que destaco o seguinte trecho:

“Ontem, 21/04, durante o evento, nossas paredes foram pichadas. Então, nossa equipe de segurança, realizou vistorias com os clientes que saíam da casa, na tentativa de localizar o autor da pichação e suas latas de spray. Além de você, vários clientes também foram revistados, sem o objetivo de constranger, ou discriminar alguém. Repito: o único objetivo da vistoria foi de identificar o autor da pichação, independente da sua cor da pele, ou qualquer outro atributo. O ATO NÃO FOI RACISTA!”

A mensagem afirma que “Além de (nós) você, vários clientes também foram revistados“, deixando objetivamente explícito que NÃO FORAM TODOS OS CLIENTES, VÁRIOS e TODOS são OBJETIVAMENTE DIFERENTES. Então quais foram os critérios adotados pela casa? A cor da pele? A aparência? O comportamento? Outra, se a “tentativa (era) de localizar o autor da pichação e suas latas de spray“, por que revistar bolsas que mal cabiam celulares, quiçá uma lata de spray? E ainda podemos dizer que a afirmação de que  “O ATO NÃO FOI RACISTA!”, parte da premissa do senso comum da Democracia Racial no Brasil de reconhecer que o racismo existe, mas não reconhecer que se pratica racismo, porém, HÁ RACISMO SEM RACISTAS? As dúvidas permanecem.

Isto posto, retomo Ângela Davis em uma entrevista recente para TV Brasil (disponível no Youtube), quando ela expõe que devemos canalizar nossa energia ao combate do racismo institucional, esse que nos mata através da PM, que nos exclui das universidades, dos empregos e, que sistematicamente nos mantém à margem da sociedade capitalista, sem ignorar o racismo individual e cotidiano que nos adoece, nos intimida, constrange e acaba com nossa auto estima.

Logo, o que poderia ter sido um rolê da hora entre amigas numa noite linda de outono,  se torna quase sempre um caso de racismo, com debates, denúncias, manifestos. É vergonhoso esse tipo de atitude num bar cujo palco já recebeu bandas como UAFRO, Conde Favela, Ba-Boom, Mcs como Katiara Oliveira e Ba Kimbuta, que são nossas referências de resistência e luta.

Encerro dizendo que pedir desculpas não é o suficiente, quando o RACISMO MATA, é preciso providências que eliminem esse tipo de ação, porque NUNCA MAIS VAMOS NOS CALAR. O suspeito padrão está culturalmente naturalizado, e uma de nossas tarefas enquanto Kilombagem é combater e desconstruir essa ideologia, difundindo e divulgando ideias revolucionárias Dessa forma NÃO BANALIZAR OU MINIMIZAR SITUAÇÕES COMO ESSA É NOSSO DEVER ENQUANTO MILITANTES NEGRAS PANAFRICANISTAS DE ESQUERDA.

RACISTAS NÃO PASSARÃO!

CONTRA O GENOCÍDIO DO POVO NEGRO FÍSICA E MENTALMENTE!

Janaína Monteiro – Professora e militante do Kilombagem

Na íntegra a mensagem que enviei na página do Bar:

“Fui poucas vezes ao bar, mas ontem foi a gota d’água, FOMOS REVISTADASNA SAÍDA DO BAR,após pagar nossas comandas devidamente, o que nunca vi em nenhuma balada, mesmo nas mais caras de Sampa. Um tributo a Bob Marley mas tinham poucos pretos e pretas, éramos as poucas com blacks e turbantes. Já estive em shows no bar onde a quebrada estava em peso e não passamos por isso. Estão assumindo sua conduta RACISTA? Ou não têm se dado conta disso? Queremos esclarecimentos: TODAS AS PESSOAS FORAM REVISTADAS NA SAÍDA?”

Na íntegra a resposta do Tupinikim :

Olá Janaina, boa tarde!
Primeiramente, vale ressaltar que o Tupinikim é um espaço voltado para a cultura afro descendente, pois 80% da nossa programação é direcionada para esta cultura.
Todas as Quartas temos samba de raiz na casa, as Quintas-feiras são para o público do reggae (voltado para a cultura jamaicana) e nas sextas, temos a noite Marakasi, que é para o público do Hip Hop.
Com esta grade de programação, evidencia que não temos qualquer tipo de preconceito ou discriminação com quem quer que seja. Nossas portas estão abertas para todos os públicos, sem distinção de qualquer natureza.
Aqui, pregamos a paz, lutamos pela arte e pela diversidade cultural.
Ontem, 21/04, durante o evento, nossas paredes foram pichadas. Então, nossa equipe de segurança, realizou vistorias com os clientes que saíam da casa, na tentativa de localizar o autor da pichação e suas latas de spray. Além de você, vários clientes também foram revistados, sem o objetivo de constranger, ou discriminar alguém. Repito: o único objetivo da vistoria foi de identificar o autor da pichação, independente da sua cor da pele, ou qualquer outro atributo. O ATO NÃO FOI RACISTA!
De qualquer forma, pedimos desculpas se a atitude da nossa equipe de segurança te causou algum constrangimento, pois de fato, não é e nunca será nossa intenção. Nossa equipe é constantemente treinada e recebe orientações quanto à forma de atender nossos clientes, que são muito especiais para nós. Não compactuamos com atitudes, palavras ou gestos racistas e discriminatórios, dentro ou fora de nosso espaço.
Nossas portas permanecem abertas para você e seus amigos voltarem para curtir nossa programação e caso queira bater um papo pessoalmente, estamos aqui, disponíveis para atendê-la.
Atenciosamente,
Diretoria Tupinikim Pizza Bar e Lounge

(Link: https://www.facebook.com/profjanaina.mont/activity/1083538968371621?comment_id=1083604211698430&reply_comment_id=1083684371690414&notif_t=open_graph_action_comment&notif_id=1461344371345903)

 

 

 

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DIA INTERNACIONAL DA MULHER: Divergências justificam AGREDIR MULHERES?

Essa crônica não é uma análise da conjuntura política, já tem muito textão sobre isso, e alguns muito bons. Essa crônica é sobre o 8 de março, é sobre escolhas e, se divide em dois momentos: um de desabafo e outro de desaforo.

8

 

O desabafo é que vou ao ato do 8 de Março há uns vinte anos, não fui em todos, é verdade, porque sempre caem em dia de trabalho, e sabe como é, temos que fazer escolhas que nem sempre são as melhores.


Que as várias organizações que constroem o ato sempre tiveram suas divergências políticas, (afinal a esquerda nunca foi unânime ao longo de sua história), já sabemos, faz parte, porque a humanidade é dinâmica, e provida de contradições. Mas, apesar dos pesares sempre foi possível construir uma pauta única para o ato, afinal há sempre questões que atingem todas as mulheres, há questões comuns: a violência, por exemplo.

Assim, mesmo sabendo que os grupos são divergentes, entendemos que nos momentos de unidade é preciso colocar o bloco na rua, juntos. Então consegui sair num horário favorável que me permitiu pegar o ato ainda no Masp.

Ao chegar no Masp por volta das 17h40, o clima estava bem estranho, percebemos pelo menos dois atos diferente de lados opostos da Av. Paulista. Logo pensei: o ato rachou.

Enquanto tentávamos nos inteirar dos acontecimentos, me deparei com uma bandeira vermelha, gigante, que pensei ser em homenagem a uma mulher, as muitas que são lembradas no ato do 8 de Março. Para minha surpresa porém, a bandeira era em homenagem a um homem, a bandeira era em homenagem ao Lula, se referia aos últimos acontecimentos da semana passada.

Compreendi lendo o contexto, que as organizações ligadas ao PT, escolheram transformar o ato do 8 de março, em um ato em defesa da presidenta Dilma e contra o golpe que acreditam que o governo poderá ser submetido (há controvérsias). Bom, a escolha da militância do PT não surpreende. Mas o pior estava por vir.

Companheiras de luta relataram que outro grupo, agora ligado ao PSTU, ao ter o seu direito de fala garantido, fizeram sua crítica à escolha do PT em usar o ato do 8 de março pra defender o governo, e assim, escolheram se retirar do ato e defender o “Fora Dilma”, “Fora Lula”, “Fora Todos”. A escolha do PSTU também não surpreende. O que surpreendeu a todos foi o fato da camarada do PSTU ter sido hostilizada ainda no caminhão, e ter sido agredida, quase linchada por militantes mais exaltados do PT, incluindo homens, o que iniciou um tumulto com outras militantes agredidas também.

Neste momento a escolha não poderia ser diferente: cada um foi para um lado. os movimentos ligados ao PT e PCdoB foram para o centro; do lado oposto da avenida foram outros grupos que repudiaram as agressões, como o MRT, o PCB, o PSTU. Além disso outros grupos se mantiveram no vão Livre do Masp, como o Movimento de Mulheres Olga Benário.

Escolhemos ir embora, éramos minoria no meio da multidão. Mas a sensação de mal estar não se foi, ela me acompanhou noite a dentro. O que sempre foi comum nos atos do dia 8 de março é nos reconhecermos, porque somos poucos. Mas ontem não me reconheci naquele ato, naquelas atitudes. Muitas perguntas, algumas respostas, poucas perspectivas. Vivemos um momento crítico, e escolho me posicionar CONTRA QUALQUER TIPO DE VIOLÊNCIA CONTRA AS MULHERES!

Hoje, vários sites publicaram sobre o ocorrido de ontem, mas o site oficial do PT escolheu se omitir, como têm feito com muitas coisas, aliás. Não é preciso lembrar que se o Cunha está lá, na presidência da Câmara, se deve ao fato do PMDB ser aliado do PT. O PMDB compõe a base governista, Temer é o vice presidente, dessa maneira, criticar ações do governo Dilma, não é dar asas ao inimigo, ele não precisa de asas quando o próprio PT já lhe deu cargos.

O desaforo é a página do PT no facebook ter centenas de compartilhamentos de cartaz dizendo que se deve ter vergonha de estar no ato se você chama a presidenta Dilma de vagabunda, mas não ter uma única publicação sobre a VERGONHA de alguns de seus militantes AGREDIREM mulheres no ato do 8 de março.

DIVERGÊNCIAS NÃO JUSTIFICAM AGREDIR MULHERES!

BASTA DE VIOLÊNCIA CONTRA A MULHER!

Janaína Monteiro – Professora e militante do Kilombagem

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Um dever cumprindo, mas a luta continua …

Salve!! Suavidade pessoas!!

Enceramos no dia 23 o Curso Movimentos de Libertações na África, com o ensaio do Bloco Pega o Lenço e Vai (quem num foi perdeu 🙂 ) fechando a semana de muito aprendizado e reflexões trazidas pelos palestrantes, Marcio Farias, Devison Nkosi Faustino, Weber Lopes, Salloma Salomão e Milton Barbosa, com as contribuições dos participantes que fez um esforço pra estar a semana toda, numa dinâmica que foi cansativa e muito puxada. Gratidão a todas e todos que colaram  :lol  .

Agradecer ao CCDL pela possibilidade de somar com a construção desse espaço, pela troca e pela certeza da construção para a vida de um mundo mais do nosso jeito, só agradece mesmo!!! 🙂

No mais enquanto o próximo encontro não vem, ficamos com o registro fotográfico do Felipe Choco,  que para além da caminhada na luta, chegou chegando no registro fotográfico, agigantando nossa memoria coletiva através do digital.

Pedimos a todas e todos que façam a avaliação do curso, de forma que novas ideias sejam agregadas nesse processo que é coletivo e a construção também 😛

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Não esqueça de fazer a avaliação do Curso!!! 🙂

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Adolescentes mostram o quanto são perigosos II – Por dentro das ocupações nas escolas: E.E. Maria Elena Colônia (Mauá)

A truculência do Governo Alckmin não está intimidando essa moçada, que cada dia mais sabe o que quer. Desde quinta-feira, 19/11, quando  o governo anunciou que não vão suspender a reorganização, sentiram o efeito colateral, com mais ocupações surgindo a cada dia.

Tive a oportunidade de participar do almoço comunitário na E.E. Maria Elena Colônia, no Parque das  Américas em Mauá neste domingo, 22/11. Conversei com mães, pais, professores, mas meu foco era ouvir os estudantes que iniciaram a ocupação. Segue um pouco dessa aula prática.

Me contaram que a iniciativa foi de 5 alunos do 1º ano do Ensino Médio, na sexta-feira, 13/11,  porém os estudantes foram pressionados pela direção da escola a desistir da ocupação, a diretora chamou a polícia militar, inclusive. Esse fato fortaleceu os estudantes, que passaram a se conhecer e se articular decidindo “secretamente” ocupar a escola no horário do intervalo noturno na segunda, 16/11. A direção tentou novamente coagir a mudarem de ideia, mas não conseguiram e, a escola completa uma semana amanhã de ocupação, estão agendadas aulas públicas e atividades culturais.

Outro estudante do 2º ano, um dos responsáveis pela organização da ocupação contatou o MTST  (Movimento dos Trabalhadores Sem Teto) para ajudarem na ocupação com assessoria jurídica e organização da cozinha e limpeza. Ele enfatiza que o MTST está apenas no apoio e não a frente da ocupação,  e contam ainda com o auxilio de estudantes universitários, vizinhos, mães, pais e professores.

A escola é uma das que será afetada pela chamada reorganização do governo estadual, hoje tem Ensino Fundamental II e Médio, e passará a ter apenas o Ensino Fundamental II, e os estudantes do Médio terão que estudar numa escola mais longe de suas casas, e temem pelo fim do ensino noturno, que consideram imprescindível para os estudantes trabalhadores.

Ouvindo estudantes, mães e pais, o que pude lhes dizer é que estão fazendo história, e que ainda não fazem ideia do tamanho disso. Uma estudante compara as gerações, chamando a geração de seus pais de acomodada. Um outro pai pergunta: como vai ser depois da vitória ou da derrota? A educação nas escolas será a mesma? O comportamento dos estudantes em sala de aula será o mesmo?  Outro estudante universitário, que está no apoio da ocupação, problematiza o que considera grave: há uma geração de professores ainda muito conservadores na sala de aula, e completa dizendo que é preciso ter mais diálogo entre estudantes e professores. Comentamos ainda da importância do retorno dos grêmios estudantis.

Vou ouvindo tudo e anotando o que posso, fazendo alguns registros em vídeo e foto, enfatizo a importância de manterem os canais de comunicação, de articularem as propostas e me coloco a disposição pras aulas públicas, assim como a rede de professores que conhecemos.

A bandeira desta semana é o boicote ao SARESP, o exame estadual, que na opinião desses estudantes não serve pra nada, não é algo pra melhorar a educação, serve apenas para dividir a classe de professores.

Os estudantes reclamam da postura de alguns professores e funcionários, que estão dizendo e divulgando que o grupo não passa de vândalos. Mas eles fazem questão de mostrar como estão cuidando da escola, inclusive chamando mutirões. Embora estejam enfrentado certa resistência da comunidade que quer o retorno das aulas, os estudantes têm feito corpo a corpo com panfletagem na feira, e para eles as aulas já poderiam ter sido retomadas, porém a direção da escola, diz que só autorizará após o fim da ocupação, que não tem previsão enquanto suas reivindicações não  forem atendida: suspensão imediata da reorganização  por um ano e abertura de consulta pública. Otimistas, os estudantes acreditam que mais ocupações surgirão essa semana e que o governo será obrigado ao diálogo.

Me despedi por hora, levando comigo muitas aprendizagens, não sou a mesma, eles não os mesmos, e quem sabe consigamos que a ESCOLA também não seja mais a mesma, como canta Milton Nascimento: “Nada será como antes amanhã”!

Janaína Monteiro – Professora da rede pública e particular. Integrante do Kilombagem.

 

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Adolescentes mostram o quanto são perigosos: ocupações nas escolas! Junho não acabou!!

 

Há duas semanas o governo anunciou oficialmente o que já vinha sendo denunciado pelos professores e sindicato, o fechamento de 94 escolas, fato que ocasionará uma maior precarização na educação estadual: maior número de estudantes por turma;  alunos matriculados em escolas longe de casa; fechamento de salas noturnas. Além disso, a rede já conta com um déficit no seu quadro docente, que realizou a mais longa greve de sua história este ano, com a duração de 3 meses, que foi tratada como fato isolado por Geraldo Alckmin.

Semana passada em uma conversa com minha prima,  preocupada com a situação das escolas que serão fechadas, me questionava os motivos que fizeram as mobilizações contra o fechamento das escolas terem esfriado, eu comento sobre o desgaste da categoria em decorrência da longa greve e a truculenta política do PSDB.Nem bem encerramos o diálogo somos surpreendidas com a notícia da ocupação da E.E Diadema, em Diadema no ABC Paulista. Mais surpreendente ainda é ter a informação de que o movimento partiu dos estudantes, é autônomo e horizontal.

A mídia como sempre não deu muita importância para o caso, que foi novamente tratado como fato isolado e, a PM, braço direito do governador, logo foi acionada. Os  estudantes responderam com outra ocupação, na E.E Fernão Dias, agora no bairro nobre de Pinheiros. E assim, uma sequência de escolas foram sendo ocupadas, pra desespero do governo autoritário do PSDB.

Sem grande cobertura da imprensa televisiva, os estudantes fazem sua própria mídia, a exemplo do que ocorreu em Junho de 2013: páginas são criadas, imagens e vídeos são compartilhados com a velocidade da luz. Organizaram comissões, fazem assembleias e tudo é decidido de forma democrática dentro das ocupações. Os pais acompanham tudo de perto, e apoiam o movimento. Além dos professores e da vizinhança que está abastecendo com alimentação e água. Além disso, em algumas escolas ocupadas, os estudantes organizaram almoço comunitário e eventos culturais, como divulgados nas páginas Não Feche Minha EscolaO Mal Educado e outras.

No sábado, 14, o juiz revogou o pedido de reintegração de posse, e mais ocupações surgem por todo o estado, porém,  a PM aproveita do fim de semana pra fazer prisões e reintegrações arbitrárias, denunciadas amplamente pelas redes sociais e portais da esquerda.

Ironicamente, Alckmin, que foi o precursor da lei que propõe a redução da maioridade penal, agora se vê diante dos “perigosos adolescentes” que escancaram a insatisfação da população com o desmonte da educação pública em São Paulo perpetrada pelo governo pelo PSDB, há mais de 20 anos no poder.

Ao contrário das falas pessimistas sobre essa geração, meninos e meninas, entre 11 e 17 anos de idade estão aprendendo na prática a lutar por seus direitos: educação universal e de qualidade.

Nas palavras de uma estudante de 15 anos: a grande reivindicação é que a comunidade escolar seja consultada e possa decidir sobre toda e qualquer mudança que lhes digam respeito (Assista o vídeo no canal da  TVT no Youtube)

Apoio incondicional aos estudantes que nos dão uma aula de organização e resistência, que souberam canalizar sua rebeldia pra uma reivindicação coletiva, e que sim, são muito perigosos, pois como diz Malala: “Uma criança, uma professora e uma caneta podem mudar o mundo”.

Por Janaína Monteiro – http://alinguadasmariposas.blogspot.com.br/