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Fat Soldiers grupo de rap angolano, fala sobre seu novo single/videoclipe intitulado “Resiliência”.

A cena do hip hop/rap angolano está marcada por um  grupo intitulado “Fat Soldiers”. “Cria” do bairro Boa Vista, um subúrbio localizado no distrito urbano da Ingombota, Luanda. O grupo é formado por Soldier V, Timomy e Daniel A.K.A.M.P,  eles começaram com freestyle fruto da influência do programa de rap big show cidade, e marcam oficialmente a sua estreia no panorama do rap angolano em 2010 com o lançamento da primeira mixtape, “Mentes da Rua”.

cena da musica “eu me recuso” do Fat Soldiers

As Músicas “Eu me recuso”, “Verdades” e “Berço de lata”, do disco “Sobreviventes vol. 1(2016)”, senta o dedo na ferida,  pauta um discurso contra a pobreza e a desigualdade, denunciando as realidades suburbanas, a concentração de riqueza em um dos países com maior crescimento econômico do continente africano, (Souza e Souza 2016).

Neste trabalho participaram Edzila, Nelo Carvalho e Kid Mc que recebeu o prêmio de melhor Mixtape do ano pelo prestigiado concurso Angola Hip Hop Awards.

Eles são conhecidos não só pela letras, Skills e performance mas também pela arte que trazem nos videoclipes fruto de um grande trabalho de equipe.

O último videoclipe  lançado(22/04/2019) pelo grupo chama-se “Resiliência”, e como o Vanderson(Sodier V) é parceiro, acompanho o “mesmo “mo cara” nas redes sociais, por isso falou um pouco mais sobre esse último “trampo”.  

Vanderson(Soldier V) explica que: o termo resiliência no contexto do single que agora lançamos, traduz o estado de espírito e a situação social que vivemos nos últimos anos.

flyer da musica resiliencia do Fat Soldiers

Num ambiente de incertezas e escassez dos bens essenciais para sobrevivência digna do ser humano, urge resistir as atrocidades que nos afligem todos os dias, portanto, afigura-se imperioso continuar a lutar pelo que acreditamos e se “autoregenerar” mesmo quando parece impossível alcançar a vitória.

Outrossim, Resiliência é também tomar a decisão certa, a decisão de continuar na contra-mão  de uma sociedade que subverteu a lógica da moral sob orientação de políticos cuja prioridade é a manutenção do poder.

O single vem acompanhado do vídeo clipe, e neste sentido, a interpretação do vídeo requer uma análise minuciosa das cenas apresentadas para chegar a intenção do vídeo. Criamos o vídeo com cenas que têm por trás uma revelação, e para chegar a tais revelações requer-se um esforço interpretativo.

confira aqui o novo trampo dos manos!!!!


Fat Soldiers. Ate a Vitória Manos
Podes crer, nos teus ouvidos
É sempre nós a fazer e Deus a abençoar irmão
Até a vitória Niggas

Se ainda estamos em pé
A continuar a fazer
Mano não é só por nós

Fat Soldiers redes sociais

https://www.facebook.com/FatSoldiers/

Referência:SOUZA, Luana Soares de; SOUZA, Martinho Joaquim João. Entrevista com o grupo angolano “Fat Soldiers. Revista Crioula, São Paulo, v. 2, n. 18, p.252-265, 26 dez. 2016. Semestral. Disponível em: <https://www.revistas.usp.br/crioula/article/view/119346/121945>. Acesso em: 21 mar. 2019.

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No 1º clipe do grupo Conexão Diaspora, reuniram 4 MC’s, 5 idiomas e 2 continentes, na música “Conexões”.

O grupo Conexão Diaspora que é a reunião de 4 MC’s, 5 idiomas unindo 2 continentes. São Eles: Kunta Kinte(Senegal), Alomia (Colômbia), SJota (Brasil) e Bixop (EUA). A união dos 04 rappers que através dessa multidisciplinaridade faz com que o trabalho esteja rico em ritmo, melodias e rimas. Os Mcs trazem consigo suas imparidades que se complementam nessa união. Tudo isso unido a 1 trompetista, 01 DJ e 02 Backing vocal. Faz com que essa união multidisciplinar seja potente e marcante.
E dando o ponta pé inicial nesse trabalho o grupo lançou no último mês de novembro seu primeiro single intitulado “Conexões”, música que acaba de ganhar um vídeo clipe lançado no último dia 06/12.

O Show consiste em abordar a necessidade da união dos Pretos, delineando as  conexões entre a diáspora africana na modernidade e os movimentos de protesto que se espalharam por países e regiões periféricas. O que torna o álbum ímpar pela multidisciplinaridade dos MCs e de seus trabalhos. O percurso a ser percorrido ao ouvir Conexão Diaspora  inclui diálogos, estudos dedicados às manifestações artísticas e intelectuais da Diáspora ou a elas relacionada e que também se ocupam do mapeamento da produção, artística, cultural e intelectual Preta.

O Repertório inicia-se com uma apresentação através da linguagem do rádio, presente na cultura de todos os países e elemento importante de disseminação da cultura hip hop pelo mundo, e logo depois é apresentada a ideia de diaspora, da travessia do Atlântico, a mistura das culturas e a construção de suas particularidades em cada país, porém todos vindas da mesma raiz, que é o continente africano. Na sequência é apresentada as principais linhas de conexões, que é o hip hop, cantado em 4 tons, mostrando toda a potência dessa cultura e de cada um dos Mc’s, mas como  a visão de que o hip hop não se limita unicamente a uma questão estética.

A Produção Musical é assinada pelo Músico e Produtor Jonathas Noh que  traz uma mistura cultural de ritmos, melodias e rimas,  tendo como ponto central o hip hop e mesclando com a arte do sampler e arranjos precisos, ritmos como  cumbia, salsa, samba, bossa nova, jazz e blues, estilos musicais todos eles, com suas sementes vindas da África para germinar com sua particularidade e diversidade, em cada localidade onde encontra seu paradeiro, criando suas raízes e crescendo. O fruto é esse encontro de riquezas, que se transformam com característica afro futuristas em Conexão Diaspora.

Produção de Conteúdo por entender que o Hip Hop é agente transformador e que a música tem poder educacional, o conexão Diaspora é também um aditivo no viés educacional.  É um trabalho potente em produção musical e de conteúdo.

As faixas perpassa pela história, cultura e literatura. Temos como referencial Abdias do Nascimento, Carlos Zappata, Cheik Diop e Malcon X. Nossas faixas tem rimas em Wolof / Francês representado pelo rapper Kunta, que enriquece e nos ensina através do seu dialeto e musicalidade.

O símbolo feminino de resistência e liberdade a está presente nas nossas músicas através de  Aline Sittoe diarra,Yacine boubou,Mame Diarra bosso, Mame fa dafa Welle, Rosa Parks e Winnie Mandela, as referências utilizada para expressar a força e magnitude da mulher Preta.                                              Conexão Diaspora teve seu trabalho pautado em referências literárias, políticas e muita pesquisa para que o conteúdo a ser desenvolvido em união com toda a produção musical e imparidade dos MC’s fizesse desse álbum um trabalho repleto de informação e conhecimento.                                                                                         

A  Produção de conteúdo e gestão do conhecimento do Conexão Diaspora, é assinada pela Karina Souza, Produtora Cultural  e gestora de conteúdo da casa Quebrada Groove.

 A Produtora Quebrada Groove produtora independente oriunda do Capão Redondo tem por objetivo apoiar e difundir os artistas independentes e apoiar toda manifestação social, política e Cultural.  Atuando desde 2012 a Quebrada Groove tem dentro do seu escopo de trabalho o Quebrada Groove convida projeto que já gravaram artistas como: Opaninjé, Dory de Oliveira, Sistah Mari, Finu do Rap e tantos outros nomes da cena do Rap Br.  Em 2018 produz e lança o Conexão Diaspora.

O primeiro single do grupo está disponível em todas as plataformas digitais e em breve novos lançamentos viram por ai!

Elaboração de Conteúdo: Karina Souza/SJota

Página Conexão Diaspora: https://www.facebook.com/conexaodiaspora
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Grupo Kilombagem Entrevista: Thiago Elniño sobre religiosidade e negritude em seu trabalho

Thiago Elniño é da ala dos MCs comprometidos. Mas é um comprometimento diferenciado, capaz de aliar religiosidade, musicalidade, autoestima e coerência em cada passo, ou melhor em cada verso. Esses versos geralmente, seguem em direção ao bem-estar, resistência, e a melhoria da qualidade de vida da população negra brasileira.
Ele faz parte dos novos artistas que ergueram-se por meio da internet, entretanto é um rapper engajado e preocupado com as relações sociais e raciais do país. Também é educador popular e pedagogo.
Desde 2016 que alguns integrantes do Grupo Kilombagem, vem acompanhando o trabalho do Thiago Elniño. E, nesta entrevista o rapper, mando o papo reto, sobre seu primeiro disco A Rotina do Pombo(2017).

Não sei se a escola aliena mais do que informa
Te revolta ou te conforma com as merdas que o mundo tá
Nem todo livro, irmão, foi feito pra livrar
Depende da história contada e também de quem vai contar

Grupo kilombagem GK – Como começa sua história na cultura Hip Hop/Rap?

Thiago Elniño – Minha historia com o Hip Hop começou no final dos anos 90 quando o rock me rejeitou e eu tive que encontrar uma cultura onde eu não sofresse racismo! Foi quando eu percebi que eu não sabia, mas de alguma forma eu já era Hip Hop mesmo não praticando nenhum dos elementos artísticos!

GK – Você adotou o codinome Elniño, poderia falar sobre o significado?

Thiago Elniño – O Elniño antes eu achava que era um personagem, e hoje eu entendo que é o momento onde existe um catarse entre eu e os elementos da minhas ancestralidade que se dão no momento que eu faço música, dai existe um contraste de quando estou no palco, onde naturalmente sou mais comunicativo e agressivo, fora dele sou mais calado e tímido, essa dualidade tem haver com o fenômeno climático Elniño que na época em que adotei esse codinome, fazia com que o clima tivesse alterações repentinas, hora sol, hora fria em um curto período de tempo!

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GK – Quais são suas influências musicais? E caso haja outras influências além da música, poderia nos dizer quais são?

Thiago Elniño – Tenho percebido que a maioria das coisas que me chapam e me influenciam diretamente saíram do samba e do Jorge Ben, o Dub jamaicano também me atropela. Fela Kuti, KL Jay e Bnegão me deram parâmetros do que um artista preto deve ser, foda na música, foda na postura. Para além disso tem revistas em quadrinho, arquitetura e moda, tudo isso entra no cadeirão.

GK – O Web clipe Diáspora tem mais de dois anos que foi lançado, e nos brinda com diversos elementos e várias relações com as religiões de matriz africana, que você pode dizer sobre esse seu trabalho? Como foi a produção desse web clipe, que é o segundo mais visualizado em seu canal?

Thiago Elniño – Esse clipe foi feito pouco tempo depois de eu ser absorvido pela Umbanda, foi um momento bonito para caramba não só para mim mas para a espiritualidade africana e o culto aos orixás na minha região, teve impacto direto a um maior reconhecimento e pertencimento dos pretos daqui quanto algo que é nosso. É importante destacar que aquilo foi um trabalho muito coletivo e fundamentado. Agradeço muito aos meus guias por terem me deixado ser parte disso.

GK – Em seu primeiro álbum intitulado A Rotina do Pombo(2017), você aponta uma forte semelhança entre pretos e pombos, poderia falar mais sobre isso? Faz uno ano que esse disco está na rua, já logrou os objetivos que propôs?

Thiago Elniño – Tanto pombos quanto pretos são lindos e são forçados a macro e micro diásporas onde são forçados a ocupar os centros urbanos em espaços onde são vistos como pragas, como algo sujo e comedores de migalhas, salario mínimo, lixo, e essa porcaria industrializadas que nos dão para comer. Mas os que se adéquam, ou os que tem a penagem mais branca, podem ser aceitos e ate vistos como símbolos de paz, ou de uma miscigenação positiva.

O disco não cumpriu seus objetivos maiores, muito pouca gente ouviu e seu retorno econômico não é algo que me permita fazer outro sem que para isso eu passe algumas dificuldades financeiras. Mas isso não pode me deixar frustrado e nem cessar minha produção por que coisas bonitas também foram alcançadas por ele e por todo meu trabalho, e a gente sabe o solo onde ta pisando e o tanto que as coisas vão para além de um artista preto ter talento ou não.

GK – Temas como ancestralidade, religiosidade, negritude e problemas sociais aparece nitidamente em seu trabalho, existem algum tipo de relação, interação com os artistas mais velhos/as, ou intelectuais de outras gerações?

Thiago Elniño – O tempo todo, os mais velhos são fundamentais para o meu processo e se eu deixo de ouvi-los Omulu não vai me ser tão bom quanto é. Desde de meus familiares a educadores, dirigentes de espaços de fé, ate a literatura que vai de Malcolm X a Carlos Moore.

GK – Em sua opinião, quais são as maiores e importantes conquistas do Hip Hop brasileiro? E quais são as limitações na cena atual?

Thiago Elniño – O Hip Hop é um caminho, e esse caminho foi traçado muito bem por muitos de nós que conseguiu através dele acessar conteúdos que permitam investigar o nosso papel como homens e mulheres pretas, ao mesmo tempo, o Hip Hop sempre teve uma relação muito intima com o capitalismo, e isso faz com que parte da ruptura necessária com matrizes colonizadoras para que tenhamos uma real autonomia do povo preto fiquem comprometidas, é um dilema que pessoalmente vivo. Dentro disso, das concessões que o Hip Hop fez, não é tão honesto da nossa parte as reclamações de que nossa cultura tem sido sequestrada sem uma auto-analise de o quanto somos frágeis e o quanto ainda somos vitimas de velhas artimanhas do sistema. Sistema esse que odeia os pretos, e nos mata ao som da nossa própria música!

GK – A reforma Educacional responde a interesses internacionais e acordo com o Banco Mundial, visando a produção de “Deficientes Cívicos” como versou o Geografo Mílton Santos sobre a globalização e o papel da educação em países periféricos. É sabido que a discussão acerca da retirada de disciplinas que suscitam o censo crítico como: História, Filosofia e sociologia não dão conta da discussão das relações raciais brasileira, critica que podemos verificar explicitamente em sua música Pedagoginga. Como você vê a implantação e discussão da Lei 10.639/03 que institui o ensino da África e Afro-brasileira no currículo do ensino público e privado em todos os níveis educacionais? Quais os desafios enfrentados para sua efetivação?

Thiago Elniño – Nunca vai funcionar, a escola não foi feita para funcionar, o exercício que tenho feito como pedagogo, e veja que não me orgulho desse diploma pois foi apenas algo que eu tive que fazer para legitimar minha colocação no mercado de trabalho, é entrar dentro das escolas e sugerir outros espaços onde esses jovens possam buscar conteúdos que facilitem sua autonomia. A lei 10.639/03 é uma ótima intenção, que abre uma fresta para gente entrar ali, mas ela é mal utilizada por que ela foi feita para ser mal utilizada e dentro de um sistema que sabe nos dar com o pé e tirar com mãos sujas com o sangue do nosso povo.

GK – Qual é seu maior êxito até momento?

Thiago Elniño – Cara, eu passei dos 30 sem ser morto nem fisicamente, nem espiritualmente, conheci muitas pessoas e lugares que me ensinaram muito e tenho e conseguindo pagar as contas com alguma dignidade vivendo de atividades ligadas a cultura Hip Hop, não ta bom pois não consegui expandir isso em quantidade e qualitativa para quem esta ao meu redor, mas também não esta péssimo!

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GK – Vimos que seu último trabalho foi o Web-clipe intitulado “Não Conforme” com participação de Bia Doxum. Como foi a experiência. Existe algum trabalho a vista com participação de algum artista independente?

Thiago Elniño – Eu e a Bia, assim como outros artistas que pautam oque pautamos e assumem a responsabilidade de fazer isso de uma forma que honre nossos ancestrais tem de estar mais próximos, ate mesmo para que a gente para de deslizar tanto, mais próximos nos fortificamos e nos “vigiarmos” mais, e vigiar é diferente de fazer patrulha. Eu e Bia aprendemos muito nesse processo que foi construir essa versão de “Não Conforme”, sem duvida vamos fazer mais coisas juntos.

Existem muitos trabalhos vindos para esse ano para que 2019 eu possa me retirar por um tempo e me concentrar nos estudos e outras ações que me permitam um retorno onde eu seja mais dono de mim e útil para o meu povo.

GK – Quais seus planos para o futuro?

Thiago Elniño – Eu to focado em parar de derrapar tanto quanto homem preto, como africano em diáspora que tem como objetivo ser útil para o meu povo, isso vai acabar refletindo diretamente na minha arte que é o que de mais qualitativo ate aqui tenho para oferecer. Descolonizar. Para isso vou precisar produzir muito em 2018, e me retirar em 2019 para estudos e praticas ligadas a educação. Então espero ate o final do ano deixar um ou dois EPs e alguns clipes.

GK – E por fim, na sua opinião qual é o caminho para superação do racismo?

Thiago Elniño – Hoje penso que o racismo é insuperável enquanto os pretos não romperem com os racistas de alguma forma! Só dai a gente poderá pensar no que será, em outra coisa.

Foi por falta de identidade, que eu vacilei, ramelei não vi
Que eu era bem diferente dos caras que estavam ali
Na MTV, quando o que passava não era YO!
Esse pretinho quer ser branco ó, cala boca Jhow

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Tenta me catar se for possível – Bá Kimbuta

 Clip da música ‘Tenta me Catar’ do Álbum Universo Preto Paralelo

 

Ficha Técnica
Direção – Leko moraes, Patrick (Maçãs Podres) e Thiago Moreira
Produção – Taís Lopes, João Garcia
Câmera – Sebastião Otávio, Leko moraes
Edição – Andréa Souza (Comunidade Audiovisual – Coletivo Caco de Tela), Leko Moraes, Thiago Moreira, Patrick (Maçãs Podres)
Roteiro: Ba Kimbuta, Patrick, Thiago Moreira, Leko moraes
Participação Especial – MC Soffia
Realização – Axé Produções

 

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