

O Racismo segue se manifestando, mostrando que esta mais forte do que nunca e a humanidade perdida no limbo das mentes colonizadas frente as expressões racistas que surgem diariamente. Eu não vou me prestar a essa idiotização, mesmo para contestar a expressão debiloide de que somos macacos.
Os aparelhos do Estado que deveriam mover mecanismos de jurisprudência sobre estas questões que ameaçam o senso global do que vem a ser o conceito “humanidade”, nem se manifestam; o governo brasileiro na figura da presidente e demais políticos se limitam a postar seus comentários idiotas no twitter e no facebook, e pior, muitos postando fotos segurando bananas.
Enquanto isso a polícia (corporação policial) segue matando pessoas pretas e cometendo todo o tipo de injustiça social e abusos, sofisticando a violência racista que, desde o sistema de escravidão, organiza os sistemas de valores, crenças, medos, gostos, ética, educação, saúde, política, economia, governos, e, por que não, o esporte.
Quando entende-se que o racismo se “complexificou”, e que temos que entender suas redes ‘neurais’ cerebrais e também suas interconexões com a mente humana, significa dizer também que temos que começar a fazer um forte exercício de apropriação da nossa história, e de localização da nossa centralidade africana. É preciso para de agir em resposta das demandas para encontrarmos a África em nós, que nos dará poder através de nossa ciência, historicamente acumulada ao longo da história da humanidade, e recentemente roubada, violentada, escamoteada, ressignificada, pelas sociedades que financiaram as grandes guerras mundiais, e a enorme violência aos países ao sul.
O futebol é hoje o campo por onde o racismo está manifestando com bastante força justamente porque devido aos pequenos (porém significativos) avanços nos direitos humanos contra o racismo, o racismo enquanto mecanismo complexo e criativo – que cria, ele próprio redes e interconexões não-locais, e descontínuas – por meio das emoções humanas, das paixões e frustrações intensamente vividas no contexto esportivo, encontrou terreno fértil de afirmação e adaptação.

No contexto do esporte, e em especial no futebol, o xingamento sempre foi autorizado, e o racismo nunca foi um absurdo porque, afinal de contas, é a cultura do futebol. Ali se xinga, mas não se perde a amizade porque as desavenças ficam no campo. Chama-se de macaco porque se estava nervoso, e quem não entende paixão de futebol? Lógico que o esporte também é terreno de luta política, mas os casos de manifestações de racismo e outros mecanismos de desigualdades são muito mais numerosos do que os casos onde estes mecanismos são problematizados e questionados.
É da criatividade enegrecida que encontraremos caminhos de luta e superação do racismo. A criatividade enegrecida, de localidade afrocentrada, capaz de repensar a sociedade e propor um projeto social verdadeiramente humanizado não se dará se não fizermos o exercício (inclusive físico, de dispêndio energético mesmo) de solidariedade e sincronia quântica das nossas mentes para a busca de uma orientação coerente dadas as regras do jogo social em que estamos submetidos.

Jévaristo