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Nonagésimo aniversário de Fanon – MASCULINIDADES NEGRAS

NONAGÉSIMO ANIVERSÁRIO DE FANON

O post de hoje apresenta três artigos que retomam as reflexões de Fanon para refletir e problematizar os dilemas relacionados ao racismo e a masculinidade negra.

fique rico ou morra tentando

O primeiro, intitulado  O pênis sem o falo: algumas reflexões sobre homens negros, masculinidades e racismo, de Deivison Faustino (Deivison Nkosi), foi publicado na coletânea Feminismos e masculinidades: novos caminhos para enfrentar a violência contra a mulher, organização Eva Alterman Blay em 2014.

Resumo: O artigo toma as reflexões de Fanon sobre Eu e o Outro, como chave analítica entender como a racialização da experiência negra, se articula, em primeiro lugar, em torno de referenciais reificados de humanidade que apresentam o negro sempre o mais próximo possível do animal. O homem negro, no caso, é sempre apresentado como um criado  super-masculino, excessivamente viril, e, ao mesmo tempo, destituído de poder sobre si.   Em segundo lugar, discute quais os riscos implícitos à interiorização, por parte do homem negro, desses referenciais reificados. No artigo, o autor discute ainda se  a hetero ou auto hiper-masculinização do negro teriam alguma relação com altos dados de mortalidade de jovens negros.

Acesse o artigo aqui: O pênis sem o falo: algumas reflexões sobre homens negros, masculinidades e racismo

Acesse a coletânea completa sobre gênero e masculinidade: Feminismos e masculinidades: novos caminhos para enfrentar a violência contra a mulher

 

Cena do filme: O mordomo da Casa Branca – Momento em que o homem (escravizado) será assassinado pelo estuprador de sua mulher.

O segundo artigo, intitulado Blackness: identidades, racismo e masculinidades em bell hooks, de Alan Augusto Moraes Ribeiro, foi apresentado no Seminario Internacional Fazendo Gênero 10, em 2012.

Resumo: Neste artigo, algumas ideias da intelectual, acadêmica e feminista estadunidense bell hooks aparecem em um recorte analítico que busca compreender como as categorias “Blackness” e “Black Experience” são mobilizadas na análise que ela desenvolve sobre representações em torno das masculinidades negras feitas pela mídia e por setores acadêmicos. Assim, busco compreender tal análise como parte das trocas de saberes diaspóricos nas quais bell hooks figura de modo destacado. Ao localizar sua produção neste movimento, a intenção é realizar um exercício de escrita e reflexão sobre o modo como racismo é uma estrutura hegemônica presente em vários setores da vida social, como também no espaço da produção política da diferença. É aqui que sua crítica antirracista toma contornos mais sofisticados ao sugerir que neste plano epistemológico o racismo opera de modo bastante sutil, sobretudo quando procura desmobilizar a legitimidade de saberes e visões de mundo construídas coletivamente, explicitamente posicionais.

Acesse o artigo aqui: Blackness: identidades, racismo e masculinidades em bell hooks

 

O terceiro artigo, intitulado Observando uma Masculinidade Subalterna: homens negros em uma “democracia, de Waldemir Rosa, também foi apresentado no Fazendo Gênero, de 2006.

Resumo: O artigo discute a diferenciação de poder inerente à diferença de gênero, de raça e de classe social. O que apresento aqui é um exercício de articulação entre gênero e raça na constituição da masculinidade do homem negro heterossexual em um país racista como o Brasil. A primeira afirmação que se faz aqui é que a sociedade brasileira distribui de forma diferenciada o poder tendo por base critérios de raça e gênero logo, entre homens e mulheres por um lado, e entre brancos e não-brancos por outro e suas possibilidades de acesso / restrição aos mecanismos de poder.

mulher branca homem preto

 

 

https://www.youtube.com/watch?v=gQxK9VYNXC8

 

 

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INTELECTUAIS NEGRAS – Bell Hooks

 O texto fala da importância política da teoria e aponta para a necessidade de se estimular homens negros e ( sobretudo) as mulheres negras à produção teórica comprometida com transformações sociais radicais.

O texto denuncia as visões que reduzem os(as) negros(as) ao corpo (animalizado) e discute os diversos processos que os desestimulam a atividade intelectual, enfatizando um cruzamento perverso entre contradições de raça,classe e gênero, associados a uma equivocada desvalorização do trabalho intelectual nos espaços negros militantes.

O espaço intelectual, tradicionalmente reservado aos homens brancos, torna-se ainda mais inacessível às mulheres negras que aos homens negros, na medida em que não encontram estímulos durante o seu processo de socialização para tal empreitada.

O texto oferece uma ótima oportunidade para se refletir sobre a as intersecções entre gênero, raça e classe e, e principalmente, sobre a importância de se reforçar o estímulo junto a população negra (sobretudo as mulheres negras) à atividade intelectual.

“Entre os grupos de mulheres assassinadas como bruxas na sociedade colonial americana as negras têm sido historicamente vistas como encarnação de uma perigosa natureza feminina que deve ser governada. Mais que qualquer grupo de mulheres nesta sociedade AS NEGRAS TÊM SIDO CONSIDERADAS SOMENTE COMO CORPO SEM MENTE A utilização de corpos femininos negros na escravidão como incubadoras para a geração de outros escravos era a exemplificação pratica da ideia de que as mulheres desregradas deviam ser controladas. Para justificara exploração masculina branca e o estupro das negras durante a escravidão a cultura branca teve de produzir uma iconografia de corpos de negras que insistia em representa-las como ALTAMENTE DOTADAS DE SEXO, A PERFEITA ENCARNAÇÃO DE UM EROTISMO PRIMITIVO E DESENFREADO. Essas representações incutiram na consciência de todos A IDEIA DE QUE AS NEGRAS ERAM SÓ CORPO SEM MENTE A aceitação cultural dessas representações continua a informar a maneira como as negras são encaradas. Vistos como simbolo sexual os corpos femininos negros são postos numa categoria em termos culturais tida como bastante distante da vida mental. Dentro das hierarquias de sexo/raça/classe dos Estados Unidos as negras sempre estiveram no nível mais baixo O status inferior nessa cultura e reservado aos julgados incapazes de mobilidade social por serem vistos em termos sexistas racistas e classistas como deficientes incompetentes e inferiores”

Confira o texto na íntegra:

http://gpsufrb.files.wordpress.com/2012/04/intelectuais-negras.pdf

 

Nucle de Estudos Afrikanidades: Grupo KILOMBAGEM