
Por Akinks Kinte
A noite iluminada, a lua prateada,
Acompanhava os passos firmes da caminhada.
Adentro a mata batuques, o peito ardido em chamas,
O ódio que inflama nos chama cidade adentro.
Nos olhos dos homens pretos calor e brio,
No peito das crianças um frio,
O coração feito rio, derramava lagrimas feito Nilo.
A mãe com os olhos carentes de asilos,
Secos os doces e quentes mamilos.
O pulso doido no pescoço tranca,
As entranhas, feridas… O pele branca faz,
Num ódio sem fugaz…
A mucama que amamento há tempos atrás.
Sorria ao pensar nos urubus, bicando os olhos azuis.
A ginga os dentes serrados a volta pro lar…
O cântico era toubob fá, toubob fá, toubob fá.
Os tambores findam escravatura,
Encharcando os feitores de susto
Os malungos por de traz dos arbustos
Feito fantasmas da noite
Famintos Findam açoite
Pretos retintos, reluzentes como o luar.
Serenos como o mar,
Abandonaste, deixaste mofa na corrente.
Quem colheu todo algodão de troco
A dor fria do tronco quente
viu flores despetaladas o clã
tem na mente o afã
De incendiar a cidade dos cães
Antes do por da manhã
E deixa para os abutres, as carnes dos ilustres
A fazenda tomada, sinhá horrorizada,
embaraço
caço
chicote que nas costas dos pretos fez morada
ecoa pelos poros, revolta
choros e pele que soa
alforria, quem leiloa?
Em praça publica
ta em suplica
morte dos senhores, liberdade nossa asa
os corpos marcados a ferro em brasa
entoam unika
uruhu
amandla
lábios carnudos suada a canção
13 de maio um dia
nois decretaremos abolição!
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Conheça o trabalho desse Poeta Periférico – Site Akins Kinte
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